terça-feira, 26 de abril de 2011

- Carta Aberta aos Jovens


Foram quase dez milhões de exemplares nesta década no país e, se cada exemplar é lido por três a cinco pessoas, há um número maior de leitores. Sou um eterno aprendiz, não me sinto merecedor desse sucesso. Mas, diante dele, gostaria de fazer um apelo intelectual, em especial aos jovens, em todos os países onde este livro for publicado: precisamos ler mais. Já sabemos da importância dos livros para a formação do ser humano, mas precisamos também ter convicção da importância da imprensa.

Estou particularmente preocupado com o futuro dos jornais. Em muitas nações, eles têm perdido espaço na era da Internet. Alguns talvez não sobrevivam, o que poderá trazer graves consequências. A necessidade de novos leitores é vital. Explico-me.

A herança que estamos deixando para as gerações futuras é péssima. Nas próximas décadas ocorrerão cada vez mais catástrofes naturais devido ao aquecimento global, disputas internacionais, aumentos excessivos do preço do petróleo, dos alimentos e outros produtos básicos. Um barril de água poderá valer tanto ou mais que um barril de petróleo. A questão não é se vão acontecer esses fenômenos, mas quando e com que intensidade. Se num determinado momento toda a população mundial entrar no padrão de consumo da classe média, provavelmente será preciso outro planeta Terra para atender às necessidades. A conta não fecha. É preciso um desenvolvimento sustentável que preserve as próximas gerações. Na realidade, somos hóspedes e não proprietários deste belo planeta azul.

Como preparar a juventude para os graves problemas em enfrentará? Como equipá-la para minimizar as loucuras que nós adultos temos cometido? Os livros e as escolas são fundamentais nessa formação? Sim! Mas eles não conseguem acompanhar na plenitude as rápidas mudanças do mundo globalizado: econômicas, políticas, nos conflitos internacionais, na política ambiental, novas tecnologias. Num mundo globalizado, com problemas globais e mudanças rápidas, é necessário atualizar o conhecimento frequentemente. Nesse aspecto, os jornais diários e as revistas informativas são insubstituíveis.

O conhecimento é a única ferramenta que nos retira da condição de servos do sistema social e nos torna autores da história, pelo menos da nossa história. Em minha opinião, os jovens de hoje e do futuro não poderão ser repetidores de ideias, mas pensadores. Precisarão se nutrir com um cardápio de conhecimento para desenvolver a consciência crítica, a solidariedade, o altruísmo, a capacidade de pensar antes de reagir, de pensar a longo prazo, de expor e não impor suas ideias, de se colocar no lugar dos outros, de respeitar as diferenças e ser um consumidor responsável. Precisarão libertar a criatividade para dar respostas inteligentes aos graves problemas que hoje se desenham. Precisarão se tornar seres humanos sem fronteiras, capazes de pensar na família humana e não apenas no solo em que seus pés pisam. O corpo de conhecimento oferecido pelos grandes jornais, embora necessite ser completado, pode contribuir para esse desenvolvimento.

Quem dera nas escolas de ensino médio e universitário lesem, debatessem e assimilassem temas relevantes levantados e discorridos pela imprensa. Espero que os jovens, bem como os adultos, descubram cada vez mais o prazer de folhear um jornal. É um ritual mágico.

Um brinde a liberdade de imprensa e à expressão do pensamento. Um brinde aos futuros líderes que sonham e batalham por um mundo melhor.

Augusto Cury

Faço minha suas palavras... e FIM!