domingo, 27 de dezembro de 2009

- Torna-se aquilo que você sempre foi.


Em uma vila pequena no sul do país mais pobre, onde o povo era muito triste e desacreditado da vida, por conta das condições de vida daquele lugar...

Havia uma família muito melancólica, desacreditada da vida e do mundo.
Não sabiam mais o que fazer para acabar com tanto sofrimento, e a mãe da família não sabia mais o que fazer para deixar de ver os olhos tristes de seus queridos filhos. Isso doía em seu coração, à única coisa que mantinha essa família viva era saber que todas as outras pessoas naquela vila estavam na mesma condição que eles.

O tempo passava, o lugar continuava muito triste, frio e vazio. Cada vez mais as pessoas queriam sumir dali, ninguém mais agüentava aquele lugar.
Parecia que havia algo que não deixava que ninguém ali fosse feliz, algum tipo de praga talvez.

Todas as pessoas que não moravam ali, e por ali passavam em algum momento de sua vida, ficavam com aquele lugar em sua memória para sempre, e mantinham sempre uma idéia em suas mentes para que um dia quem sabe, pudessem mudar tal lugar, onde ninguém fora feliz jamais.

Aquela família continuara lá, não tinham para onde ir, mesmo que quisessem sair de tal lugar, jamais poderiam se não tivessem a ajuda de outras pessoas.

Em todos os momentos aquela família acreditava que ali morreriam solitários.

Em certo momento, chega àquela pequena vila uma mulher, de porte muito bonito, jóias por todo o corpo, um vestido vermelho e longo... Que aparentava não se importar nem um pouco com as poucas pessoas que ali ainda viviam.

Ela chega e pergunta a uma garotinha bem bonitinha, mas pouco cuidada por falta de recursos e pergunta: - O que você mais gostaria de ganhar? E a garotinha assustada, sai correndo para os braços de sua mãe, a mulher segue-a até lá, olha para a mãe daquela garotinha e diz: - Não precisam ter medo de mim, vim aqui apenas para ajudar vocês. A mãe também assustada não fala nada, a mulher torna a perguntar para a garotinha: - O que você mais gostaria de ganhar? A garotinha menos assustada agora que estava perto de sua mãe, responde: Adoraria ganhar felicidade. A mulher espantada com tal resposta fica sem palavras por alguns minutos.

Um tempo depois, menos perplexa com a resposta da garotinha, aquela mulher vira-se e diz: - Minha lindinha adoraria dar o que você me pediu, mas infelizmente felicidade não está à venda nos mercados. O único modo de se ter a felicidade, é acreditando nela. 

É nesse momento que a mãe da garotinha com menos medo daquela mulher que aparentava não se importar nem com a própria vida, quanto mais com a de outrem, diz: - Aqui nesse lugar ninguém mais acredita em nada minha Senhora.

A mulher curva-se e diz: - É uma pena, pois só acreditando é que podemos ser realmente felizes.

Mas estou aqui justamente para ajudar essa pequena vila, ajudar todos a voltararem a acreditar em seus sonhos, e a viver como deveriam, com um belo sorriso em seus rostos.

Diz a mulher para aquela mãe: - Será que você poderia convocar todos da vila para que eu possa conversar com eles? A mãe diz: - Claro, vou agora mesmo falar com eles, já que aqui não vivem muitas pessoas, pois a maioria foi embora procurar um lugar menos triste para morar.

Em menos de 15 minutos chegam todos ao local a onde se encontrava aquela mulher, todos olhavam para ela com um ar meio suspeito, já que não acreditavam em nada, estavam com muito medo daquela mulher estar ali para arruinar ainda mais a vida daquelas pessoas.

Mesmo com tal medo, todos se concentram naquela mulher, e ouvem o que ela tem a dizer.

Ela começa o seu discurso:

- Estou aqui para ajudar a todos vocês, descobri essa pequena vila por acaso, e não agüentei ver tamanha tristeza nos olhos de vocês. Pois ninguém no mundo merece sofrer, ninguém merece viver sempre triste. Todos nós temos os mesmos direitos diante da vida, diante do mundo. Basta apenas que lutemos por eles, que acreditemos neles.

- Sei que talvez muitos de vocês estejam se perguntando: - O que essa mulher está fazendo aqui? Ela acha mesmo que pode mudar a história da nossa vila assim? 

- Não é fácil acreditar em nada nem em ninguém quando estamos no êxtase da vida.

- Só queria que vocês soubessem que existe um mundo ai fora, e que ele apesar de não parecer, apesar de não ser valorizado como deveria, é um ótimo lugar para se viver, e é dele que dependemos para nossa sobrevivência.

Nesse momento, um garotinho assustado, olha para o seu pai e pergunta: - Pai, o que essa mulher estranha está falando é verdade? O pai, sem saber o que dizer, olha para seu filho e responde: - Esperamos que sim meu filho.
A mulher vê esse incidente, e fica cada vez mais abalada com a falta de esperança que havia naquele lugar, no coração daquelas pessoas.

Assim, ela continua seu discurso:

- Então, alguém aqui gostaria de mudar de vida? Viver feliz? E continuar mesmo assim com dignidade em seus corações?
Uma velhinha, que quase não conseguia mais andar, e nem falar, levanta a sua mão e diz: - Aqui todos sonhamos desde que viemos para cá em sermos felizes, mas não sabíamos que nesse lugar era impossível que isso acontecesse.

A mulher cada vez mais triste, diz: - Não é verdade. 

E completa dizendo: - Por pior que um lugar seja todos tem o direito de ser feliz, onde quer que seja, e a felicidade está em todos os lugares, até mesmo aqui nessa vila onde todos vocês desacreditam nisso.

Assim segue o seu discurso, finalizando-o:


- Estarei aqui até enquanto for preciso, e estarei à disposição de qualquer pessoa. Quem quiser é só vir me procurar, não prometo trazer a felicidade, mas prometo ajudar vocês a encontrá-la.

Os dias se passam, e a cada momento aquela mulher fica mais triste e abalada com a falta de esperança daquelas pessoas. Até então ninguém a havia procurado ainda.

Mas ela não desistira até que ao menos uma pessoa venha lhe dirigir a palavra, nem que seja para espusa-lá de lá.

Até que ela olha em direção ao horizonte, e vê que algo está se aproximando. Feliz, ela começa a se aproximar também, e percebe que havia uma criança triste, isolada em um cantinho escuro e vazio, naquele instante ela para, e nem mais se importa com o que vira em sua direção. Abaixa-se e pergunta: - O que você tem menino? Ele com medo e tremendo, pois estava fazendo muito frio, responde: - Não tenho nada. De novo a mulher pergunta: - O que você tem menino? Ele torna a responder: - Não tenho nada. Ela indignada, então, pergunta: - Como você não tem nada? E por que está ai sozinho nesse cantinho escuro, com esse olhar tão triste? O menino continua a responder: - Por que não tenho nada, senhora. Sem entender nada, ela pede ao menino que se explique. Ele então começa a chorar e diz: - Estou aqui sozinho, com frio, nesse lugar isolado e vazio, o que você acha que eu tenho? Ela com vergonha abaixa a cabeça sem saber o que falar naquele momento. Sentindo a dor que aquele menino tinha ao ser sozinho naquela vila, o pega e o leva para a onde estava alojada.

Passa a partir daí a cuidar daquele menino como se fosse seu próprio filho.

Todos da vila continuavam assustados com aquela mulher, continuavam a desconfiar que ela pudesse estar ali para realmente ajudar.

Mas aquele menino, começará a mudar depois de estar sobre os cuidados dela.

Todos acharam estranho, pois começaram a ver aquele menino 'nascendo' de novo, como uma flor que havia murchado e renasceu.

Ele tinha mais ânimo em sua vida, passara a andar sempre saltitando e catando com os pássaros.

Começou ai a ter uma nova vida, todos chegavam perto dele e perguntavam: - Menino, como você que era um menino tão triste por não ter nada, conseguiu mudar tão radicalmente? E ele respondia sempre com muita convicção: - Eu estou apenas acreditando na minha vida. Todos continuavam sem entender nada o porquê de tanta alegria na vida daquele menino.

Até que então, depois de verem tudo o que estava acontecendo com ele, resolveram juntar todos da vila, e chamaram a tal mulher para que pudessem unidos perguntar-lhes algumas coisas.

No dia e horário marcado, estavam todos lá, inclusive o garotinho que era agora a única pessoa realmente feliz daquele lugar. Ficaram esperando por alguns minutos, ficaram inquietos com o atraso da mulher, mas aguardaram com cautela.

De repente, a mulher aparece e lhes diz: - Desculpa a todos, mas preciso ir agora, meu tempo acabou. E não tenho mais nada o que fazer aqui.

Sem entenderem nada, todos perguntam: - Como isso? Mas ninguém até agora fora falar com a senhora, e você disse que estaria aqui o tempo que fosse preciso, e estaria à disposição de todos.

- Sim, disse a mulher, eu disse isso. Mas já fiz o que deveria ser feito, o resto o tempo há de mostrar-lhes.

Seguindo assim o seu caminho, ela deixa o seu último recado para aquele que fora o único que acreditara nela, aquele menininho um pouco ingênuo, mas com muita sabedoria.

Volta assim à rotina normal daquela vila, todos continuavam tristes, menos aquele menino, que havia aprendido algo muito importante e valioso com aquela mulher que fora visitá-los.

A vila seguia assim, com os mesmos costumes, as mesmas pessoas... E aquela família continuava a ser muito triste, desacreditada de tudo e de todos. Ali, ninguém era amigo de ninguém, pois ninguém confia em outrem.

Mas aquela menininha que fora interrogada logo quando aquela mulher chegou à vila, tinha de alguma forma absorvido mesmo que pouco, alguma coisa boa daquela pergunta, e daquela explicação que lhe fora dada.

Encontraram-se aquele menininho e aquela menininha por acaso do destino.

Começaram a brincar juntos, a mãe daquela menininha, começou assim a sentir em seu coração uma sensação de alívio e leveza. Como se estivesse lhe sendo tirado um peso de suas costas.

A partir daquele momento a vida naquela vila não seria mais a mesma.

Pois todas as pessoas viam como aquela menina, aquele menino, e aquela senhora haviam mudado após a partida daquela mulher.

Curiosos todos queriam saber o que havia acontecido com eles. Mais ninguém tinha coragem de lhes perguntar.

Até que um dia, de repente... Estava à menina, o menino, e a senhora dançando felizes no quintal da casa da família, e todos que passavam ficavam olhando impressionados com tal coisa. Principalmente aquela família que tinha os olhos tristes e secos por causa do frio. Outro menininho, filho da mãe que já não sabia o que fazer para ver seus filhos felizes, ficou tão empolgado que perguntou mamãe, mamãe: - Eu posso ir dançar com eles? Ela não excitou em responder: - Mas é claro meu filho, vá lá e divirta-se. 

Naquele instante, todos que estavam passando por ali, começaram a pensar sobre suas vidas, e começaram a se perguntar o porquê viviam tão tristes, se a vida é tão bela? Passaram então a dançar com os outros. Em alguns instantes a vila toda já estava sabendo do acontecido, e fora verificar... Até que a música e a dança contagiaram a todos eles, e começaram todos a dançar sem parar.

A noite quando todos já estavam cansados de tanto dançar, pararam e foram todos para um lago que havia ali perto, e banharam-se.

Nunca haviam se divertido tanto, pois não acreditara que isso pudesse existir.

Foram todos para as suas casas, mais aliviados e felizes.

A partir de então aquela vila triste, já não existia mais... E aquelas pessoas descobriram que para ser feliz basta apenas que façamos o que devemos fazer, e o que sentirmos vontade de fazer, sem medo, sem arrependimentos, pois a vida é o melhor presente que poderíamos ganhar.

No dia seguinte.

Huuu, huuu, huuu... Começaram a ouvir o vento soprar, e ele soprava cada vez mais forte e intensamente, quase que levando todos a voar. Ninguém estava entendendo o que estava acontecendo, mas estavam todos aproveitando aquele momento, e estavam todos muito felizes por poderem estar sentindo o vento daquela maneira.

Quando de repente, em uma névoa surge àquela mulher que havia aparecido na vila há uns meses.

Ela chega dizendo: - Eu sabia que vocês entenderiam meu recado, e que eu poderia ter ido ter ido embora quando eu fui. Pois aquele era o momento certo. E vejo agora que vocês são pessoas completamente diferentes do que conheci graças à força de vontade e convicção que vocês têm e colocaram em prática.

Assim o menininho que ela havia ajudado, corre feliz em sua direção, e lhe diz: - Obrigado senhora, agora posso perceber o valor que tenho diante da vida graças a você.

Ela feliz, diz: - Não precisa me agradecer, pois o mérito é todo seu. Lembra quando eu te achei sozinho, com frio, em um lugar escuro e vazio? E perguntei o que você tinha? Você poderia ter me respondido qualquer coisa, que estava com frio ou com fome, por exemplo, pois essa era a sua situação naquele instante. Mas você preferiu-me falar sobre sua solidão, sobre o fato de não ter ninguém, nem nada no mundo. Você me deu a resposta certa, você foi quem se ajudou e nem se deu conta.
Naquele instante, o menino mesmo sendo ainda muito novo, tinha aprendido uma das mais importantes lições da vida, que para que sejamos felizes basta apenas que a gente seja sincero primeiramente com nós mesmos, pois a vida é feita de verdades, quem mente vive em um mundo de mentiras, em um mundo irreal, triste, vazio e incompleto.

Sorrindo aquela mulher diz: - Agora acho que já posso ir embora para sempre, pois eis aqui a vila mais feliz que existe. Graças à fé e esperança que vocês tiveram em vocês mesmo.

Agradecidos todos pedem para que ela fique mais um pouco, para pelo menos eles poderem festejar. Ela aceita o convite. E eles, juntos daquela misteriosa mulher festejam bastante durante toda a noite, de repente... Com o sopro do vento, do mesmo modo que aquela mulher chegou, ela vai embora, sem se despedir, mas com um alívio em seu coração por ter ajudado aquelas pessoas.

Daí para frente aquela vila era só alegria, e eles tentavam passar o que haviam aprendido para outrem.

A vila começou a ser mais freqüentada pelos turistas, que ficavam todos impressionados com tal harmonia que havia naquele lugar. Começaram assim algumas pessoas quererem morar lá. A vila começou a crescer, até que um dia era o lugar mais conhecido do país, por tal hospitalidade das pessoas que ali viviam.

- Eiii, psiu... É você mesmo, ta me vendo aqui? Deixa eu lhe dizer uma coisa, sou feliz por que acreditei que poderia mudar a minha vida, acreditei também que poderiam ajudar os outros, e agora sou mais puro e sincero comigo mesmo e com outrem. Seja assim você também, garanto que você será uma pessoa melhor depois disso.

Ah, já ia me esquecendo. O meu nome é João Pedro, tenho 10 anos. E essa é a minha história.


Este é um dos contos que escrevi há alguns anos, e que, graças a missa de Natal que fui quinta-feira, refleti e percebi que ele parecia ser a história do menino Jesus, estranho isso, até porque nem acredito nele. Enfim!  :*

2 comentários:

  1. Muito bonito esse seu conto more...vc havia me mostrado ele uma vez. Faz com que realmente temos grandes reflexões sobre nossas vidas e de outras, pelo que sentimos e pelo que somos.

    Continue acreditando em si mesma e nas pessoas que estão ao seu redor, more! ;*

    TE AMOOOOO³

    ResponderExcluir
  2. Ah, já ia esquecendo...
    Sobre a comparação que vc fez seu conto com a história do menino Jesus...ao ler seu conto pela 2ª vez...realmente é de dar medo, pois lembra bastante mesmo! o.O'

    Talvez seja um sinal de fé para obter uma mudança na sua vida? bom...num sei more...só vc mesmo pra descobrir isso! o/

    ;*

    ResponderExcluir